Publicado em 27/09/2018
Desde o ano passado, o Hospital Azambuja, em Brusque, é autorizado a fazer explantes, procedimento que consiste na retirada de órgãos de um determinado doador para encaminhamento a outro hospital credenciado a fazer transplantes.
No Dia Nacional de Doação de órgãos e Tecidos, comemorado hoje, dia 27, é válido lembrar que ano passado, quando o hospital iniciou a realização de explantes foram feitas três doações de órgãos, já em 2018 foram oito protocolos abertos e quatro intervenções realizadas, dados que demonstram a crescente relevância estratégica da casa de saúde brusquense no cenário regional de doações.
Todo do trabalho é coordenado pela Central Estadual de Transplantes de Santa Catarina (SC Transplantes). Subsidiada pela Secretaria de Estado da Saúde, a SC Transplantes colhe todas as informações sobre possíveis doadores, busca no cadastro nacional os prováveis receptores de órgãos ou dos órgãos doados e aciona a equipe para se dirigir até os hospitais.
Porém, parte de todo esse processo passa pela Comissão Hospitalar de Transplantes (CHT) do Hospital Azambuja, responsável por fazer o acolhimento da família dos doadores em um momento tão sensível.
“Além de realizarmos toda a parte burocrática dos explantes, também ficamos responsáveis pela comunicação entre os familiares e o hospital. Eles ficam com o nosso telefone e nós com os deles, para mantermos contato ao longo dos exames e da confirmação. Depois efetuamos a abordagem e o convite para a doação de órgãos. Colocamos a família a par do que é e como é feito”, explica a enfermeira Ana Paula Quirino, membro do CHT.
Além da enfermeira, também fazem parte da Comissão as enfermeiras Viviane Aparecida Dom da Rosa e Queila Regis, além do médico Eugênio Paiva Maciel, responsável pela UTI e diretor técnico do hospital. Todos são responsáveis por ficarem atentos a possíveis e potenciais doadores no ambiente intra hospitalar.
“A parte do médico é coordenar a comissão. Já as enfermeiras acompanham todos os exames que antecedem os explantes, pois a profissional tem que passar todos os dados para a Central. É ela quem faz toda essa comunicação para a central. São quatro exames realizados com, no mínimo, três médicos fazendo a comprovação de morte cerebral. É um trâmite muito formalizado, que propicia muita confiança”, explica a enfermeira.
Segundo o médico, “hoje em dia percebe-se que as pessoas estão bem mais orientadas e informadas sobre doação de órgãos e quando as enfermeiras iniciam uma conversa sobre o assunto, eles já aceitam ajudar, pois sabem que estarão salvando muitas vidas”. Ainda de acordo com o médico, a intenção do Hospital Azambuja é, futuramente, também ser um hospital habilitado para transplantes de órgãos.
Dados Brasil
Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), de janeiro á junho de 2018, havia no Brasil 32.716 pacientes cadastrados em lista de espera para um transplante dos seguintes órgãos: rim, fígado, coração, pulmão, pâncreas e córnea.
A maioria aguarda pela doação de um rim: 21.962. Mais da metade desses pacientes está em São Paulo, sendo que em Santa Catarina 286 pessoas aguardavam por um transplante de rim. O segundo órgão com maior demanda é a córnea, com 8.574 pacientes na lista de espera no país, sendo 57 no estado catarinense.
È importante lembrar que receber um órgão, a pessoa precisa estar inscrita em uma lista de espera monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes. O que determina a compatibilidade é o tipo sanguíneo, a dosagem de algumas substâncias colhidas no exame de sangue e características físicas.
Quem pode doar?
Com relação a ser um doador de órgãos e tecidos para transplante, pela legislação vigente, nenhuma declaração em vida é válida ou necessária, não há possibilidade de deixar em testamento, não existe um cadastro de doadores de órgãos e nem são mais válidas as declarações nos documentos de identidade e carteiras de habilitação e nem as carteirinhas de doador, lembrando que a carteirinha de doador* poderá influenciar na decisão dos familiares no momento da doação. Então, o importante é conversar sempre com a família e expor o seu desejo de ajudar outras pessoas a terem uma segunda chance de vida.
Dados Brasil - Fonte: site ABTO